quinta-feira, 31 de julho de 2008

ERERP.

Por Mateus Martins, estudante de Relações Públicas da UFRGS

II Encontro Regional de Estudantes de Relações Públicas
29 a 3

1 de agosto
Curitiba - PR

O ERERP foi a forma pela qual alunos do curso idealizaram a integração dos estudantes para discutir e debater a atividade, auxiliando no processo de formação acadêmica e contribuindo para solidificação de uma consciência de categoria que se inicie já na universidade. O primeiro Encontro foi realizado em Bauru em setembro de 2007.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Preparando o público interno para momentos de crise.

Por Ana Paula Schantz e Marla Francine Custódio, estudantes de Relações Públicas da UFRGS

O rápido acessoà informação, decorrente do processo de globalização resultou em uma maior velocidade na propagação das informações. Em momentos de crise, tem-se a impressão de que esta velocidade é ainda maior; para tanto, deve-se estar preparado e ter agilidade e confiança nas ações tomadas. Atualmente, torna-se uma exigência a inclusão do Gerenciamento de Crises no planejamento empresarial e/ou institucional. Além de afetar ou destruir a reputação e a imagem perante o público externo, as situações de crise, muitas vezes, interferem no comportamento do público interno, pilar das instituições, sejam elas públicas ou privadas.

A importância do público interno em momentos de crise está na sua tendência em defender a instituição, tornando-se assim uma segunda voz, um porta-voz informal que irá propagar o posicionamento da empresa para sua rede de relações – família, amigos, comunidade –, e posteriormente, manter a motivação e sinalizar que a empresa continua. É neste momento que a comunicação interna se faz presente e fundamental na crise. Bem informados, os funcionários, além de não se sentirem subestimados, quando têm conhecimento do problema através da mídia, tornam-se importantes mensageiros da instituição.

Em conjunto com todas as ações que a empresa deve tomar, a comunicação interna deve ser imediata, antes ou simultaneamente com a comunicação para outros públicos, nunca depois. As mensagens devem ser claras, sempre transmitindo a verdade e explicando as razões das decisões.

Sem uma comunicação interna eficiente, a falta de informação poderá posicionar o funcionário contra os interesses da instituição, muitas vezes por não terem argumentos para defendê-la, afetando negativamente seu envolvimento, motivação e comprometimento. Para Torquato (1986, p. 119), as publicações internas fortalecem o espírito de solidariedade e promovem certos ideais (estímulo, companheirismo, ensinamento e dedicação). Sem este trabalho interno, corre-se o risco de perder um grande aliado, que será fundamental no período pós-crise.

Além do comportamento dos colaboradores em um momento de crise – de qualquer natureza – com o público externo, é de fundamental importância mapear possíveis acontecimentos que atinjam diretamente o público interno (colaboradores). Acidentes de trabalho, demissões em massa, violação da legislação trabalhista, discriminação, assédios, fraudes e violação de direitos humanos são alguns exemplos que devem ser contemplados no planejamento, para ações em situação de crise.

Os manuais de crises são eficientes ferramentas disponíveis para o gerenciamento de crises voltados ao público interno. Quando bem estruturados, de linguagem compatível com o grau de instrução dos funcionários e divulgados e/ou discutidos em conjunto com outras atividades correspondentes ao assunto, tornam-se aliados importantes para a instrução de como o colaborador deve proceder perante uma situação de crise ou uma situação que pode promover uma crise.

Toda instituição tem vulnerabilidades. Portanto, é compensatório antecipar possíveis focos de dificuldades, preparar-se para administrá-los e divulgar ações ao seu público interno, que possam preservar a credibilidade da instituição em momentos difíceis.

Segundo pesquisa da comunicação interna 2005 da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE), o investimento em comunicação interna vem crescendo. Este aumento do valor investido indica que as empresas estão preocupadas com a eficácia da Comunicação Interna.

Portanto, em todas as situações de crise, vale a regra de Cristiane Melito Valério, autora do Manual de Crises da Unimed Espírito Santo: quanto mais rápido se responder a uma situação inesperada, melhores serão as possibilidades de se contornar a crise com sucesso e transformá-la em oportunidade. E a melhor forma de se combater uma crise é oferecer informação com transparência.

E se hoje ocorresse uma crise na empresa em que você trabalha, seus colaboradores estariam preparados para manter um posicionamento para que o esforço de anos seja mantido?

Mãos à obra!

O novo currículo da comunicação da FABICO.

Por Fernanda Machado e Greice Chiapinotto, estudantes de Relações Públicas da UFRGS

Sim, ele existe e está previsto para entrar em vigor no primeiro semestre de 2009

Quando o assunto é o novo currículo da Comunicação Social, logo deparamo-nos com a expressão Pss... é uma lenda!. Conversamos com a Professora e Coordenadora da COMGRAD/COM, Enoí Dagô Liedke, acerca das propostas formuladas para o desenvolvimento do novo currículo. Ele, de fato, existe. E o desejo de sua implantação também. O que falta então?

A resposta centra-se no estudo das modificações que a implantação desse novo currículo, direcionado às três habilitações do curso de Comunicação Social – Relações Públicas, Publicidade e Propaganda e Jornalismo –, acarretará aos graduandos e ao corpo docente. Afora, é necessário racionalizar os recursos físicos e materiais disponíveis na estrutura da FABICO, solucionando possíveis problemas de demandas das disciplinas.

Segundo a Professora Enoí, a idéia de reestruturar o currículo data de 1998, momento em que foi redesenhada a concepção dos cursos de graduação e posterior implantação das diretrizes curriculares pelo MEC, promovendo maior flexibilidade acadêmica. Após esse fato, as discussões – promovidas por meio de seminários e palestras entre a Comissão e a comunidade – em torno do currículo formaram a proposta atual. O novo currículo preocupa-se em não engessar os cursos, pelo contrário: torná-los potencialmente flexíveis.

O aluno terá a oportunidade de escolher qual área deseja centrar-se para especialização. Além do tronco-base para todos os cursos, existirão 8 áreas distintas, envolvendo Administração, Psicologia, História, Letras e Lingüística, Filosofia, Política, Economia e Sociologia, nas quais o aluno desenvolverá as disciplinas obrigatórias alternativas, disciplinas eletivas e atividades complementares. A Professora salientou que as negociações com cada um desses departamentos estão em andamento, no entanto, algumas modificações ainda podem ocorrer. A simulação das possíveis ocorrências quando da implantação estão sendo desenvolvidas pela COMGRAD/COM para garantir as melhores decisões em relação à implantação do currículo no Sistema de Graduação. O objetivo é que esteja tudo pronto em março, para envio do projeto ao conselho da unidade e posterior andamento da proposta para implantação efetiva em 2009.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Marketing de Relacionamento: solução para antigos problemas de fidelização?

Por Bruno Becker, Cláudia Palma, Jaqueline Machado, Nathalia Machado de Oliveira, Pedro Ivo Borges, Rodrigo de Oliveira, estudantes de Relações Públicas da UFRGS

Vivemos hoje em um mercado competitivo no qual os clientes encontram à sua disposição inúmeras opções de produtos, serviços, marcas, preços, qualidade e fornecedores. Nesta perspectiva, as empresas estão passando de uma filosofia centrada no produto e na transação para uma filosofia voltada ao cliente e ao mercado.

Do ponto de vista mercadológico, com tantas opções de oferta, os consumidores são constantemente seduzidos por novas necessidades e produtos que acabam tornando-se instáveis às marcas. Diante dessa situação, as empresas têm passado do marketing centrado na transação e na promoção para o marketing de relacionamento.

Esse conceito é relativamente recente, pois o início da sua corrente teórica é datado nos anos 90. Como outros conceitos da área de administração, este também surgiu de uma necessidade imposta pelo mercado: a reformulação da relação empresa/consumidor. Para Kotler & Armstrong (1998, p.397), o marketing de relacionamento significa criar, manter e acentuar sólidos relacionamentos com os clientes e outros públicos.

Voltado para o longo prazo, o marketing de relacionamento exige que todos os departamentos da empresa trabalhem com o mesmo objetivo: servir o cliente. Para tanto, desenvolve-se programas que têm a finalidade de fazer com que os clientes mantenham-se fiéis e comprem cada vez mais da mesma marca. Nestes programas, as empresas tentam criar um relacionamento especial com os clientes por meio do diálogo, privilégios especiais e prêmios.

Promovendo o relacionamento através de promoções e eventos

Como acontece em qualquer outro setor do mercado profissional, a comunicação, de um modo geral, está cada vez mais atrelada aos resultados financeiros. Nota-se que o comportamento dos indivíduos está em constante mudança, e para a comunicação e o marketing, o conhecimento desses reflexos é de suma importância para se obter os resultados esperados. E é a partir desse cenário que se revela, que o marketing de relacionamento, como ferramenta de Relações Públicas, se apresenta como a solução para esse mercado.

Ao entender-se que relacionamento é um processo contínuo, de ação e reação, que se estabelece entre no mínimo duas partes, nesse caso entre marcas e pessoas, poderemos perceber porque as empresas têm investido tanto no rastreamento dos seus públicos consumidores. E o marketing de relacionamento, fazendo uso das promoções e dos eventos planejados, consegue minimizar esforços, elaborando ações que visam a fidelização do cliente por meio de comunicações dirigidas e customizadas. O diferencial dessa ferramenta frente às demais opções consiste em se apropriar de momentos em que o cliente está mais receptivo, oferecendo benefícios como mecanismo de recompensa.

A função da promoção é estratégica e, conforme João de Simoni em entrevista a Revista de Eventos, deve sempre agregar valor à marca, pois dessa forma a empresa consegue projetar sua imagem e seus valores e ainda ter um feedback do seu consumidor. O importante é a promoção ter correspondência com a personalidade da marca que se quer criar para o produto.

Quanto mais informações a empresa tem dos seus públicos, a capacidade de reconhecer e privilegiar seus principais clientes é cada vez maior explicam Ana Patrícia e Cláudia Alves no artigo O Paradigma do Marketing Pós-Moderno na Sociedade Complexa. E quanto mais esse cliente percebe que a empresa reconhece suas necessidades e oferece produtos e serviços compatíveis com suas expectativas, mais informações ele dará a seu respeito. E essa relação de troca é indispensável para os programas de relacionamento: nas ações promocionais é possível captar informações e dados desses públicos, através de cadastros, questionários, e mensuração dos resultados.

No entanto, é necessário saber utilizar os dados armazenados como fonte de desenvolvimento de estratégias. Além das ferramentas de relacionamento mais convencionais, como SAC, CRM e programas de fidelização, temos, atualmente, como a mais agressiva, a promoção de relacionamento aliada aos eventos promocionais.

Em conversa com a Relações Públicas Alice Storck, diretora da Agência Storck Bruno – Promoções de Relacionamento, e que atua no mercado de promoções de relacionamento há mais de 15 anos, o Cappuccino abordou algumas tendências do mercado e como essa ferramenta está sendo utilizada.

Ocappuccino: Considerando que a principal ferramenta do marketing de relacionamento é a promoção e ações de relacionamento, como as empresas estão buscando se comunicar com seus clientes, que ferramentas têm sido utilizadas?

Alice Storck: As empresas, cada vez mais, procuram se comunicar com os clientes de forma inovadora, utilizando eventos e promoções direcionadas, buscando tendências e pesquisando muito bem seus públicos. A busca de ações multimídia tem sido uma ferramenta das promoções, que há anos atrás não havia, como envio de e-mails, torpedos de celular e marketing viral, agregados a promoções. As empresas buscam criar momentos de experiência positiva para fidelizar a sua marca, vendendo assim seus conceitos e valores. A busca das empresas em ações promocionais atreladas a eventos esportivos, culturais continua valendo e muito.

Ocappuccino: Como o público e o mercado consumidor está se comportando mediante a tantas promoções, informações e apelos que as empresas tem utilizado?

Alice Storck: O público está, sem dúvida, seletivo. Alguns brindes e mecânicas que eram utilizados anteriormente já não tem mais o mesmo impacto, por isso a necessidade de inovar e se destacar. Em eventos grandes, ou dentro de supermercados, por exemplo, além da sua promoção, outras marcas também estarão disputando a atenção do consumidor. Recebendo muita informação o cliente passa a não dar atenção a nenhuma, fazendo com que a ação não tenha o efeito desejado. Assim, muitas promoções de vendas acabam sendo ineficazes. A promoção deve ter continuidade dentro da comunicação da empresa, em suas ações e na sua publicidade, para que não se torne um momento isolado.

Ocappuccino: O que o público espera de uma promoção, qual a receptividade nas tentativas de relacionamento?

Alice Storck: O público quer ser beneficiado e surpreendido. Uma promoção reflete os valores da empresa e a imagem que ela vende. A empresa tem que fazer com que o cliente sinta que ele está ganhando de alguma forma e ter clara a informação que quer transmiti e, o que pretende ser comunicado. Além disso o público espera um feedback da empresa. Promoções onde há essa troca são fundamentais, pois é importante que toda ação tenha um início, meio e fim. Além disso o público quer ser tratado individualmente, a segmentação das ações é crucial.

Ocappuccino: Compreender as etapas necessárias para a realização de uma promoção (planejamento, viabilização, orçamento, execução e avaliação de resultados) são necessidades básicas. Como adaptar-se à nova era do imediatismo, onde o tempo é o maior concorrente?

Alice Storck: Sabe-se que o ideal para todas as ações de marketing é cumprir as etapas, fazendo sempre um planejamento e estudo detalhado, entretanto, o tempo é limitado. O tempo é limitado não só para produção da promoção e sim para o cliente, pois hoje em dia é cada vez mais valioso. Mesmo assim, não se pode criar promoções sem fundamento e sem adequação. Ocorrem muito casos de empresas que chegam com o briefing, no qual é fácil identificar a falta de objetividade da ação. Quando não há interação com a comunicação geral da empresa, a promoção torna-se apenas um evento isolado, que não mantém o relacionamento e a continuidade esperada. A promoção válida deve suprir a expectativa do cliente, pois tudo é muito instantâneo e a atenção do cliente e o contato com ele durante uma promoção é muito valioso. As promoções e ações de relacionamento devem se adequar a essa era do imediatismo, sendo dinâmicas, seguindo as tendências e otimizando ao máximo o período de experiência e troca que o cliente tem durante aquele momento, aquele evento ou promoção.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Cliente Oculto.

Por Amanda Lima, Débora Gentil e Luís Augusto Maffini, estudantes de Relações Públicas da UFRGS

A técnica do cliente oculto é utilizada em organizações que trabalham com atendimento direto ao público e desejam identificar possíveis falhas e potencialidades nesta área. Esta técnica consiste na atuação de uma equipe de pesquisadores treinados que se fazem passar por clientes, analisando pontos pré-determinados, conforme são os interesses de diagnóstico da investigação. Através dos resultados é possível fazer melhorias nos processos que envolvem atendimento e, muitas vezes, na própria estrutura de alguns serviços e produtos da instituição. Para que seja desenvolvido um trabalho bem sucedido de cliente misterioso, como também é conhecido o procedimento, é preciso seguir etapas metodológicas que respaldem a cientificidade e a confiabilidade dos resultados alcançados com a pesquisa, como a preparação, aplicação, relatório e plano de melhorias.

Embora esta prática não tenha sido criada recentemente - a Bare Associates International, por exemplo, é uma referência na área e a utiliza há mais de uma década, foi nos últimos anos que o mercado brasileiro percebeu a importância da ferramenta. Segundo Érika Agostino (gerente de pesquisa da GFK Indicator, uma das líderes do setor de pesquisa de mercado no país), em entrevista à revista Istoé Dinheiro de 04 de junho de 2006, o crescimento deste serviço no Brasil de 2004 para 2005 foi de 95%. Sabe-se que o atendimento já é considerado pelos clientes como um fator decisivo no momento da tomada de decisão na hora de efetuar uma compra. A concorrência é acirrada e as empresas já estão antenadas com o poder que um bom ou um mau atendimento tem para influenciar ou conquistar os consumidores. Por outro lado não somente as empresas investem no atendimento: as organizações de uma maneira geral, podendo ser prestadoras de serviços, instituições do poder público ou as não governamentais, também entendem o atendimento como um canal fundamental no estabelecimento de uma relação favorável com seus públicos. Pode-se assim explicar este crescimento da utilização do método de pesquisa cliente oculto, que vem da preocupação das instituições em formar uma marca ou um conceito ágil, interativo e confiável.

Em entrevista exclusiva ao informativo, Bianca Amendola, Gestão de Negócios Internacionais da M. Stortti – Business Consulting Group (empresa de consultoria, assessoria e treinamento em âmbito global e integrado da instituição) nos fala um pouco mais das curiosidades vivenciadas pelos profissionais que trabalham esta técnica ao analisar a estrutura de atendimento de variadas instituições.

Ocappuccino: Como funciona a seleção dos "clientes ocultos" e como é realizado o treinamento?

Bianca Amendola: Para atuar como cliente oculto utilizamos pesquisadores próprios da Consultoria que primeiramente estudam o produto a fundo, convivem por um período na empresa contratante para obter a visão dos funcionários internos e somente depois de validar com a empresa contratante os itens que serão avaliados e a metodologia a ser utilizada é que se inicia o trabalho de campo propriamente dito. Somente em regiões muito distantes ou em regiões muito abrangentes em um espaço curto de tempo é que contratamos outros profissionais. Eles passam pela mesma estrutura de preparação.

Ocappuccino: Quais as principais técnicas utilizadas para o desenvolvimento desta atividade?

B
ianca Amendola:
A partir da demanda do cliente avaliamos o serviço e/ou produto com cronômetros (a fim de avaliar o tempo de fila e de atendimento), preenchimento de relatórios e/ou gravação do ato da compra. São observados vários aspectos nesse momento, como a forma que a empresa lida com filas, como os funcionários resolvem a questão de áreas de vendas muito cheias, disposição dos materiais de merchandising e dos móveis dentro da área de vendas, caminho de ouro, iluminação e etc.

Ocappuccino: Como as empresas correspondem aos resultados das pesquisas?

B
ianca Amendola:
Na maior parte dos casos se surpreendem com a profundidade das análises e da abordagem de diversos aspectos observados. É muito comum surgirem informações que as empresas não esperavam, como por exemplo quando avaliamos através de uma pesquisa de cliente oculto que o sistema de uma empresa que atendemos não era ágil na consulta de informações. A técnica também é muito importante pois ajuda a empresa na definição da alocação de capitais e priorização de investimentos, pois através do cliente oculto pode ser constatado que a empresa precisa investir em treinamento, lojas, material de merchandising ou estratégia de comercialização.

O
ambiente instável característico de nossa sociedade, em constante transição e mudanças nas relações e interações sociais, solicita que as organizações empreguem a pesquisa como uma atividade essencial ao definir os rumos da instituição. O cliente oculto é mais uma técnica empregada nesta atividade de diagnóstico, que pretende reconhecer e identificar os pontos fortes e fracos do atendimento, um processo pelo qual se pode seduzir e conquistar clientes, mas que também pode ser o responsável por uma imagem negativa, pela ruptura de uma relação comercial.

Os bastidores da fama.

Por Fernando Silveira Kessler, Waldomiro Neto e Roberta Weber Calabró, estudantes de Relações Públicas da UFRGS



Na área de Relações Públicas, um ramo pouco lembrado, mas que vem crescendo em ritmo acelerado, é o de assessoria de famosos e personalidades. Todo mês surgem personalidades novas que encantam o público (com as novas tecnologias de informação, qualquer um pode se tornar famoso da noite para o dia); e estas personalidades, estrelas em ascensão, necessitam de assessores.



Segundo José Benedito Pinho, autor de diversos livros relacionados à área de assessoria, cabe ao profissional das RRPP, avaliar as atitudes de um determinado público, identificando os procedimentos de forma individual, ou da organização (ou empresas, órgãos governamentais, instituições e pessoas), na busca do interesse comum, além de planejar e executar um programa de ação para conquistar compreensão e aceitação.



Assessores que cuidam da imagem de políticos não são novidades, pois esses são os principais alvos de denúncias e a coerência e integridade de suas ações são expostas para um público que abrange todo um país. Porém, os famosos também têm sua privacidade invadida e uma superexposição de sua imagem. Hoje, é comum encontrar empresas e pessoas, independentemente de sua área de atuação, contando com o suporte de uma agência de RP. Descobriram, e as razões para isso são as mais variadas, a relevância desta atividade dentro do mix de comunicação, que sempre se quer o mais completo possível.



Mas o que faz, exatamente, um assessor? Quais são os sabores e dissabores deste ramo das RRPP tão desconhecido, e por que não dizer, sonhado?



Para entender melhor o papel de um Assessor de Estrelas, entrevistamos Roberto Renato Calabró, formado em Relações Públicas e Publicidade e Propaganda pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). Roberto trabalhou muitos anos ao lado de estrelas como Mamonas Assassinas, Daniela Mercury, O Rappa, Kid Abelha e Barão Vermelho, e em mais de 400 shows. Como profissional experimentado, pôde oferecer à Cappuccino uma visão mais abrangente do ramo, como produtor artístico e assessor direto de artistas; os dois lados de uma mesma moeda:



VISÃO DO PRODUTOR ARTÍSTICO



Ocappuccino: Quem é e o que faz um produtor artístico?




Roberto: O Produtor artístico trabalha para o CONTRATANTE, que é quem contrata e paga o show. Ele obedece todas as exigências do empresário artístico, e é encarregado de que o espetáculo cumpra tudo o que for determinado pelo CONTRATADO. O CONTRATADO é o representante de todas as exigências técnicas e pessoais do artista, uma vez que como agente ele é subordinado aos mesmos e tem por dever exigir o que foi solicitado.



Ocappuccino: O que o produtor artístico precisa providenciar para a vinda do artista?




Roberto: No pré-show, normalmente até 30 dias antes da apresentação, o contratante envia ao produtor algumas exigências a serem providenciadas. Entre elas estão as passagens aéreas e o excesso de bagagem dos equipamentos, o transporte local dos artistas e da equipe técnica, a reserva de hotéis, a cobertura e divulgação na mídia, e todos serviços terceirizados na hora do show como segurança, bilheteria etc... Todos estes custos normalmente são por conta do contratante. Enfim, quando o artista se apresenta tem que estar tudo conforme o solicitado, senão contratualmente, por uma simples falta de água de coco no camarim pode não se apresentar.



Ocappuccino: O que o produtor artístico precisa conhecer para a realização de um show?


Roberto: A primeira coisa que o produtor de shows ou produtor artístico deve saber é o dia, a hora e local (cidade) da apresentação. Depois disso, muitas outras coisas são indispensáveis, como a capacidade e estrutura do local e detalhamento do palco, a rede de energia elétrica, o rider técnico, todo o caminho de acesso do artista, os camarins e o espaço para atender á imprensa.

Ocappuccino: No dia do show e depois do término, qual o trabalho do produtor?


Roberto: O produtor deve deixar tudo preparado tanto no início, no meio e no final do show, para que todo o evento obtenha sucesso. Basicamente é isso, no dia do show deve coordenar as equipes terceirizadas, que são as que controlam bilheteria, fazem a segurança, montam o palco, montam os camarins, fazem a luz do espetáculo, e o som. Acompanhar principalmente a passagem de som e luz feita pelos artistas, que normalmente ocorre até quatro horas antes do show.

Ocappuccino: Qual a média de salário de um produtor de shows?


Roberto: Não tem como identificar uma média de salário. Depende se o lucro é feito pela bilheteria ou se é estipulado pelo contratante. A gente não ganha muito, pois a grande fatia vai para o artista e ás vezes, ganhamos mais quando o empresário e a equipe têm a sorte de cumprir todas exigências e ainda sobra dinheiro.

VISÃO DO ASSESSOR DIRETO DO ARTISTA

Ocappuccino: Você também foi, além de produtor artístico, assessor direto do artista?


Roberto: Sim, também fui empresário artístico e até produtor musical de novos talentos. Mesmo deixando de ser produtor de shows sempre me envolvi com a tarefa, passando para o outro lado, a de contratado e exigindo tudo o que exigiam de mim, quando eu era o contratante.

Ocppuccino: Como é ser um assessor de estrelas?


Roberto: O empresário e assessor artístico, opina sobre tudo, incluindo as músicas, as letras a serem gravadas, e os figurinos a serem usados. Ele contrata os músicos que acompanham o artista, a equipe técnica, e até a dieta que ele deve fazer. Define com quem ele vai dançar, onde pode dar autógrafos, enfim, tudo que se possa imaginar.

Ocappuccino: Como é lidar com essa mudança de artista pouco conhecido para estrelinha?


Roberto: Em geral, o artista começa humilde e quer passar essa imagem aos fãs e à imprensa. Mas tão logo começa a lotar os lugares, ganhar mais dinheiro e aparecer, o sucesso sobe à cabeça. Se ele não tem controle psicológico e estrutura o suficiente, ele acaba se achando o máximo e o dono de toda a verdade num curto espaço de tempo. A primeira coisa que ele pede ao seu assessor é para aumentar o cachê. Depois, ele mergulha profundamente num mundo inatingível que é só seu e, como nos chamamos, vira estrelinha.

Ocappuccino: Qual as principais dificuldades de um assessor de estrelas?

Roberto: Acho que a maior dificuldade é, dependendo do artista, você ter que lidar com uma pessoa geniosa e temperamental, que não tem hora pra te acordar, chamá-lo para conversas, discutir trabalho. Você tem que estar sempre disponível. Mas, é muito mais fácil e divertido ser assessor direto, mesmo que você tenha dificuldades. Você deve assumir uma posição, e mesmo que você seja fã do artista, deve ter profissionalismo.

Ocappuccino: Qual a sua preferência? Produtor artístico, empresário ou assessor artístico?

Roberto: De forma independente e em minha empresa, também fui contratante e fiz vários eventos e feiras, mas me arrependo. Prefiro ser o empresário artístico, o contratado.

Ocappuccino: E alguns casos?


Roberto:Vou contar alguns casos de shows que produzi e de experiências que vivenciei como empresário.

* MAMONAS ASSASSINAS: Com os Mamonas foram tantas histórias incríveis nos mais de 70 shows.

Num caso, que esta no vídeo MTV na Estrada, chegamos em um hotel em Florianópolis e não havia mais quartos, tomados pelos argentinos e falha na reserva de quem contratou. Não tivemos dúvida: todos esticamos as almofadas do hotel, pegamos os travesseiros e ficamos no corredor mesmo, e ainda exigimos café da manhã.

Em outro caso, num show dos Mamonas Assassinas em Belo Horizonte, o Dinho – vocalista dos Mamonas Assassinas – abriu seu armário e de dentro saltou uma menina de 16 anos toda nua e se atracou em beijos com ele. Imediatamente, eu chamei a equipe de segurança.

* KID ABELHA: A Paula Toller do Kid Abelha, sempre muito estressada, uma vez quebrou as taças de champanhe de uma senhora que as tinha desde o tempo da sua bisavó. Eu peguei parte da grana do cachê dela para comprar taças novas e fiz com que ela escrevesse um bilhete de desculpas para a senhora, mesmo que o valor sentimental fosse muito maior que o material.


Paula Toller e Roberto Calabró


A revolução do boca-a-boca.

Por Anelise Boff, Mariana Todeschini e Valquíria Karr, estudantes de Relações Públicas da UFRGS

Buzz Marketing? Marketing de Guerrilha? Marketing Viral? Marketing Epidêmico? Afinal, o que tudo isso quer dizer? Por que o mercado necessitou desses novos instrumentos?

Buzz Marketing surge do termo em inglês buzz, ou seja, rumor, zumbido. Tal estratégia está ligada ao repasse de informações e impressões por parte dos clientes sobre determinado produto, marca ou empresa. Marketing de Guerrilha é um conjunto de estratégias ou ações não convencionais que prendem a atenção do consumidor pelo inusitado. Marketing Viral ou Epidêmico é aquele que fará com que o cliente venda o produto em nome da empresa. O primeiro a estudar a relação entre epidemias de doenças e epidemias de produtos e idéias foi Malcolm Gladwell. Segundo sua teoria, a propagação de certas enfermidades se assemelha à difusão de idéias, mensagens, modas e tendências. Gladwell argumenta: Os três princípios com que os médicos lidam servem para descrever a rápida difusão de idéias, a aceitação generalizada de um produto (. . . ) que adquira proporções desmedidas. Os princípios são simples: os vírus têm capacidade de contagio, pequenas causas provocam grandes efeitos e, a partir de um momento-chave, uma enfermidade já não se propaga passo a passo, mas com grande rapidez.

Empresas de Comunicação e de Marketing perceberam esse nicho de mercado, sendo uma das pioneiras, no Rio Grande do Sul, a FW:6 Comunicação Contagiosa. O Sócio e Diretor de Planejamento da FW:6, Nicolas Motta, concedeu uma entrevista à Capuccino explicando como o mercado está recebendo essas novas práticas de Marketing.

Ocappuccino: Quais as vantagens e desvantagens do marketing viral?

Nicolas: Marketing Viral é a nomenclatura usada para determinar qualquer estratégia que encoraje alguém a passar uma mensagem de marketing a outro, criando assim o potencial para um crescimento da exposição da mensagem e sua influência. Assim como os vírus, tais estratégias tiram proveito da multiplicação rápida para fazer chegar sua mensagem até muitas pessoas ou a um grupo selecionado\estilo\tribo de pessoas. Para nós da FW:6, o conceito de Marketing Viral é muito amplo, pode ser trabalhando tanto online quanto offline, pode partir dos conceitos de Buzz Marketing, Marketing de Guerrilha ( . . . ). A principal vantagem do marketing viral é a de não depender de grandes valores de veiculação. O grande investimento pode ser trocado por idéias criativas e que instiguem as pessoas a comentar e/ou passar adiante a mensagem.

Como desvantagem pode-se citar o fato de que a mensagem que está sendo passada não pertence mais à empresa que a propagou, e sim às pessoas. Esta realidade pode, por vezes, sair do controle da empresa resultando na não obtenção dos resultados pretendidos. Portanto, todas as ações a serem feitas devem ser cuidadosamente analisadas, tentando prever todas as possibilidades de repercussão.

Ocappuccino: Quais as maiores dificuldades em trabalhar com marketing viral?

Nicolas: Fazer o cliente (empresa) comprar idéias fora da caixa; Conseguir fornecedores capazes e dispostos a produzir coisas fora do padrão; Competir com as agências de propaganda tradicionais; Disputar a verba do cliente com os meios tradicionais.

Ocappuccino: Como surgiu o marketing viral no Brasil/mundo? Quem foi o prioneiro?

Nicolas: Marketing Viral existe desde os primórdios, com o chamado boca-a-boca. A grande diferença é que atualmente, com a evolução dos meios de comunicação (principalmente a Internet), atiçar e trabalhar este boca-a-boca tornou-se muito mais viável.

Ocappuccino: No Brasil, o marketing viral ainda é pouco utilizado/conhecido pelas empresas? Está em fase de expansão?

Nicolas: Está em processo de expansão, apesar de ainda encontrar resistências por parte das empresas mais tradicionais.

Ocappuccino: Quais são as perspectivas para o marketing viral? Mercados, aceitação dos públicos?

Nicolas: Em função das transformações na vida e na forma das pessoas se comunicarem, os conceitos de Marketing Viral, Buzz Marketing, Marketing de Guerrilha ( . . . ) tornam-se cada vez mais fortes e evidentes. As perspectivas são boas, o mercado está aceitando cada vez mais e os públicos estão cada vez mais reticentes quanto às formas tradicionais de comunicação.

Ocappuccino: Você considera que exista alguma relação entre marketing viral e relações públicas? Como se daria tal relação?

Nicolas: Totalmente. Apesar de o Marketing Viral deixar o poder nas mãos das pessoas, cabe às empresas de comunicação reforçar este efeito, buscando aumentar sua repercussão, seja por geração de mídia espontânea, seja por uma maior exposição da idéia. Nesta fase, assessoria de imprensa e relações públicas têm um papel fundamental. Além disto, relações públicas pode trabalhar na identificação das pessoas certas para se direcionar a mensagem que se almeja ser passada adiante. Potencializando, através do perfil dos atingidos, sua disseminação. Neste cenário em que a propaganda tradicional já não transmite credibilidade ao público, além de ser onerosa à empresa, o marketing boca-a-boca torna-se uma alternativa criativa, de baixo custo e de repercussão garantida.

Branding? O mistério desvendado.

Por Adriana Gonzalez, Ana Carolina Machado e Helen Schmidt, estudantes de Relações Públicas da UFRGS

O mundo empresarial é repleto de nomenclaturas estrangeiras que entram e saem de moda. A famosa partícula ing acaba dando complexidade e glamour para expressões como endomarketing, networking, etc. O branding é o conceito da vez. Segundo Marcos Machado, presidente do novo Comitê de Branding da Associação Brasileira de Anunciantes, o termo desi
gna o conjunto de atividades usadas para construção e gestão das marcas.

Há muito tempo que a marca deixou de ser um nome ou um símbolo gráfico. Luciano Deos, diretor presidente do Gad' Branding & Design, em entrevista dada ao site Mundo do Marketing, conta que a preocupação na construção e fortalecimento das marcas começou na década de 90. Com o surgimento da perspectiva de mercados globais e de comoditização dos produtos, as marcas começaram a serem entendidas como um diferencial estratégico. Então, passa a se entender que algo intangível e emocional pode ser um elemento de preferência. Agora, o maior desafio para as empresas tem sido saber gerenciar este elemento que é a marca.

O objetivo do branding é fortalecer essas marcas como diferencial competitivo, refletir seu posicionamento. Em um contexto onde os produtos tornam-se equivalentes em preço e qualidade e todo mundo se posiciona da mesma forma, o diferencial da marca deve levar em conta a cultura da organização, e não apenas uma oportunidade de mercado, como muitas empresas acreditam. E uma vez posicionada, a marca deve ser mantida, protegida e potencializada, pois ela pode vir a ser um bem de maior valor do que todo o patrimônio físico de uma empresa, afirma Clovis Tramontina, presidente do Grupo Tramontina em artigo do caderno Marcas de Quem Decide 2007.

Em outubro de 2006, a Interbrand realizou uma pesquisa internacional para avaliar as tendências do gerenciamento de marcas. A conclusão do trabalho mostra que algumas marcas pegam e outras não. Aquelas com impacto são gerenciadas com cuidado e sustentadas financeiramente. O relatório também diz que o branding ainda não alcançou seu potencial pleno. Muitos dos peritos na área acreditam que esse fenômeno poderia ser mais intenso. Embora a influência das marcas seja clara para a maioria, empresas importantes continuam sendo non-branders, ou seja, continuam sem investir no gerenciamento de suas marcas como deveriam.

Entretanto, algumas organizações já vêm investindo no posicionamento de suas marcas há algum tempo. O maior exemplo disso é o caso da Nike, que se voltou tão intensamente para o branding que se desligou quase totalmente da produção. Como mostra Naomi Klein no seu livro Sem Logo, a Nike e outras empresas fecham as fábricas que já existem, transferindo a produção para fábricas terceirizadas, principalmente no exterior. A obra traz informações de um relatório das Nações Unidas de 1997 segundo o qual, mesmo em países onde os salários já eram baixos, os custos de mão-de-obra estão sendo responsáveis por uma fatia cada vez menor dos orçamentos corporativos. O branding, segundo a autora, foi engolindo todo o valor agregado.

Marcas com impacto, então, são cultivadas e gerenciadas cuidadosa e integralmente, contando com o apoio financeiro suficiente para obter sucesso. Apesar de o branding não ser novidade para algumas organizações, o fenômeno pode ser ainda mais explorado. Os empresários e profissionais de comunicação, entre eles os Relações Públicas, cada vez mais estão se dando conta disso: só sobrevive quem souber se diferenciar.

Fontes:
IstoÉ
Caderno Marcas de Quem Decide 2007 - Jornal do Comércio – 26/03/07

Relações Públicas em hospitais: um setor pouco explorado.

Por Andréia Rava, Maria Alana Brinker de Oliveira e Marcus Vinícius Oliveira de Souza, estudantes de Relações Públicas da UFRGS

A área da saúde necessita da realização de trabalhos intensivos e contínuos em Comunicação com seus diversos públicos, que abrangem desde os pacientes até a diretoria.


Atendimento ao público, relacionamento com a imprensa, comunicação interna, comunicação visual, pesquisa de opinião, etc.
Existe uma gama de funções que o profissional de Relações Públicas está habilitado a desempenhar no ramo da saúde, o qual simboliza, além de mais uma opção de trabalho, um desafio, tendo em vista que hospitais, geralmente, são sinônimos de lugares desagradáveis de se estar, e, assim como qualquer empresa, também são acometidos por crises.

Instituições como o Hospital de Clínicas das Faculdades de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) vêm adotando um sistema de comunicação composto por Relações Públicas desde 1955, quando os objetivos principais do serviço eram estabelecer uma política de relacionamento com o público em geral, instituições hospitalares e autoridades, desenvolvendo atividades de estudo e planejamento, educação pública, publicações e divulgação.


Em entrevista, a RP graduada pela UFRGS, Débora Agnes, do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre, nos conta, na prática, como está o mercado e as funções atribuídas ao profissional de RP na área da saúde.

Ocappuccino: Quantos relações públicas existem, atualmente, na Santa Casa e quais os serviços que presta (m)?

Débora: Sou a única responsável pelas atividades de relações públicas do Complexo Hospitalar. Entre as minhas funções, estão organizar o JOGO PELA VIDA (partida de futebol entre médicos e transplantados), em parceria com o pessoal de eventos da rádio Gaúcha em Capão da Canoa. Também faço o BENCHMARKING, que são encontros destinados para quem deseja conhecer a Santa Casa, ou falar com um profissional de alguma área específica. Esse evento acontece sempre na última segunda-feira de cada mês, à tarde. Outro evento que também organizo é o PROJETO VOCACIONAL, em que alunos do 3º ano do ensino médio de qualquer escola podem entrar em contato com os profissionais das mais variadas áreas da instituição e saber como é o trabalho deles.

Ocappuccino: Seu cargo é de relações públicas ou possui outra denominação?

Débora: Estou há quase três anos na Santa Casa. Comecei na instituição como assistente de marketing, já que no complexo hospitalar não existia o cargo de relações públicas. Mas como minha atividade tem relação com organização de eventos e outras atividades de comunicação, após alguns meses na instituição propus a criação do cargo de relações públicas, e fui atendida. Assim, faz dois anos que a Santa Casa conta, oficialmente, com um RP, subordinado ao gerente de marketing, no setor de marketing e comunicação.

Ocappuccino: Na sua opinião, qual a contribuição que o serviço de Relações Públicas pode trazer na área da saúde?

Débora: Hoje atendo profissionais dos sete hospitais que fazem parte do Complexo Hospitalar Santa Casa. Antes da minha entrada no hospital, ações de campanhas de prevenção, palestras e eventos eram realizados pelos médicos, que organizavam isso de forma isolada. A entrada de um RP permitiu que cada profissional, ou hospital, realizasse seus eventos entrando em contato com um só responsável, de modo que passou a existir unicidade na comunicação, seja entre os materiais gráficos produzidos (que agora têm um melhor direcionamento), na maneira de divulgação, ou nas providências práticas que tomamos na realização de um evento.

Transformando adversidade em oportunidade.

Por Camila Ferreira , Laura Levy e Junio Esteves, estudantes de Relações Públicas da UFRGS

Na gestão de uma empresa, existem duas situações das quais não se pode escapar: impostos e crises. Segundo Roberto de Castro Neves (2002), autor de vários livros de Comunicação Empresarial, qualquer empresa, independente de tamanho, ramo de atividade e origem, se ainda não enfrentou, enfrentará alguma espécie de crise.

Mas acalme-se! É possível transformar situações adversas em oportunidades e utilizar a crise para fortalecer a imagem de sua empresa. Conduzir a situação com transparência, clareza e atualização das informações à mídia são condutas fundamentais para fortalecer a imagem já abalada da organização. Mas não esqueça, é preciso ter boa vontade na resolução dos problemas e cumprir o que foi prometido.

Os benefícios, se é que podemos falar em benefícios quando a perda é inestimável, podem ser observados na recuperação de empresas que estavam sem competitividade, e voltaram com força total após a adversidade, a visibilidade que a organização adquiriu com a opinião pública ao administrar bem a situação e a união entre os colaboradores, que aflora em momentos de dificuldade. Todos esses fatores foram observados em empresas que gerenciaram com sucesso as situações adversas e saíram com sua reputação fortalecida.

Um dos casos de fortalecimento da imagem, após a situação de crise é o da TAM (Fokker-100, em 1996) cuja aeronave caiu após a decolagem no aeroporto de Congonhas, fazendo 99 vítimas. Podemos também citar o caso da Petrobrás, cuja plataforma marítima (P-36, em 2001) explodiu e afundou levando 11 bombeiros que auxiliavam na retirada dos funcionários. Crises que deixariam de cabelo em pé até o melhor dos relações públicas.

O que essas empresas fizeram em comum? Conduziram de forma exemplar a situação. Disponibilizando informações precisas e atualizadas à imprensa, prestando auxílio aos familiares das vítimas, agindo com rapidez para a resolução das questões, através de porta-vozes sensíveis à tragédia, não economizando recursos. Como conseqüências dessas medidas a empresa TAM não perdeu fidelidade dos passageiros em suas aeronaves, inclusive houve um crescimento na venda de bilhetes aéreos e suas ações na bolsa de valores aumentaram após a condução da crise. Quanto a Petrobrás, após o acidente e pelas suas atitudes, obtiveram aprovação de ambientalistas, do governo e sociedade em geral. Sendo considerada como um padrão de excelência em resposta a contingências.

P
ara quem quer reforçar a sua imagem, antes da chegada da crise e preparar-se para a adversidade terá um incentivo ainda maior, a ISO 31000. A ser implementada até 2009, essa ISO é um modelo de processo para tomada de decisões em gerenciamento de risco, considerando risco como tudo aquilo que desvia do objetivo da empresa. A marca é o bem mais precioso da empresa, se crise é inevitável, então que o prejuízo seja revertido em vantagem.


Você sabia?
A palavra crise em chinês é composta pelas idéias de perigo e momento.

Realidade Acadêmica sobre Gerenciamento de Crise.

Por Flávio Gil, Lassalete Neto, Mário Borba, estudantes de Relações Públicas da FABICO

As Relações Públicas, por sua natureza, desempenha um papel chave no gerenciamento de crise, uma vez que ela faz ponte entre a organização e seus públicos, conhece quais são os interesses de cada um e busca harmonizá-los. Por isso é necessário a freqüência e relevância do tema nos cursos de RP.

Além de monografias que abordam a questão, vem acontecendo palestras e atividades extra-curriculares para ampliar o repertório dos universitários de Relações Públicas. Prova disso, podemos avaliar como dois cursos de Relações Públicas de universidades diferentes discutem o gerenciamento de crise. Para entender como funciona o tema dentro do curso de Relações Públicas, pesquisamos duas Universidades do Rio Grande do Sul que vem sofrendo uma modificação curricular: Unisinos e UFRGS.

Algumas universidades tem disciplinas específicas sobre esse tema como é o caso da Unisinos. O curso de Relações Públicas da Universidade do Vale dos Sinos é coordenado pela professora Erica Hiwatashi e tem duração de oito semestre. Houve uma reforma curricular, e hoje consta, no 6°semestre, a disciplina Estratégias de Crises Comunicacionais. Nesta universidade, além de trabalhar com disciplinas específicas, também promove palestras encontros seminários. Os professores entendem que o profissional deve preparar-se para enfrentar crises de comunicação nas organizações, este conteúdo é um fator diferenciador o que possibilita o profissional formado trabalhar em empresas de grande porte. O resultado de debater o tema Gerenciamento de Crises vai refletir em interesse de monografias de conclusão de curso. Os docentes trabalham com uma ampla bibliografia como o livro de Roberto Castro Neves (Crises Empresariais com a Opinião Pública), Mário Rosa (A era do Escândalo), Nemércio Nogueira (Media Training), Jorge Duarte (Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia) dentre outros.

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que também passa por uma reforma curricular, não há uma disciplina específica no curso de relações públicas que aborde o assunto, porém a questão perpassa por várias disciplinas. É o caso de Administração de Relações Públicas I e II, Assessoria Empresarial e Assessoria de Marketing. Na modificação do currículo, segundo a coordenadora do curso Enoí Dagô, não constará uma cadeira intitulada Gerenciamento de Crises. Dagô aponta que o novo currículo, que ainda não esta em vigência, contempla novas disciplinas em que o tema é essencial como Gestão em Relações Públicas. Quanto a monografias, elas são constantes, porém, dificilmente encontraremos Gerenciamento de Crises como palavra chave ou título nas pesquisas, a professora dá o exemplo de uma monografia que orientou onde aborda um estudo sobre o site da empresa Sousa Cruz, a organização fumageira esta sempre envolvida com a crise de opinião pública devido aos produtos vinculados a problemas de saúde.

A temática do gerenciamento de crises vem ganhando cada vez mais espaços no mundo acadêmico. Em torno dessa questão vem se ampliando discussões e interesses nas pesquisas de monografias. A análise curricular destas universidades dão um termômetro de como a temática vem sendo discutida. Esta amostragem aponta o potencial de comparação entre um tema e vários currículos universitários, o que necessitaria de um mapeamento do currículo no Estado do Rio Grande do Sul ou até mesmo do país. Percebe-se que gerenciamento de crise, vem despertando cada vez mais interesse de professores e alunos, o que torna fundamental a discussão sobre este assunto intrigante.

Empreendedorismo: que bicho é esse?

Por Fernando Gomes e Rafael Achutti, estudantes de Relações Públicas da UFRGS

A frase de George Bernard Shaw define muito bem o que é o espírito empreendedor: Alguns homens vêem as coisas como são, e perguntam: Por quê?. Eu sonho com as coisas que nunca existiram e pergunto: Por que não?


O empreendedorismo tem sido a saída mais rápida e prática para solucionar a crise de emprego. Mas será que realmente é a melhor saída?

Pesquisas recentes realizadas nos Estados Unidos mostram que o sucesso nos negócios depende principalmente de nossos próprios comportamentos, características e atitudes, e não tanto do conhecimento técnico de gestão quanto se imaginava até pouco tempo atrás. No Brasil, apenas 14% dos empreendedores têm formação superior e 30% sequer concluíram o ensino fundamental, enquanto que nos países desenvolvidos, 58% dos empreendedores possuem formação superior. Quanto mais alto for o nível de escolaridade de um país, maior será a proporção de empreendedorismo por oportunidade.

Conversando com diversos alunos, ex-alunos e professores da Fabico,
descobrimos que o empreendedorimo fabicano existe, mas na maioria das vezes só é descoberto após a conclusão do curso, quando se tem que optar pelo trabalho assalariado ou pelo próprio negócio. Para Fernanda Vier sócia da agência Doxxa e Presidente da Associação dos Jovens Empresários de Porto Alegre, ser empregado também tem risco, mas se não der certo, a pessoa recebe os direitos todos e vai atrás de um novo emprego”.

O ex-fabicano e agora Professor, Alan Lenz, aponta três opções para quem se forma na Fabico: 1) ser empregado de alguma empresa privada ou do governo, através de concurso público, garantindo estabilidade; 2) abrir o próprio negócio ou 3) trocar de profissão.


Mas a terceira alternativa dada pelo Professor Alan não significa que os anos de faculdade foram em vão. É o que mostra o exemplo de Guilherme Carlin, hoje jornalista e dono da Chica Cachaça Artesanal. Segundo Carlin, atualmente em Porto Alegre há um nicho de mercado estabelecido por nós onde existem pouquíssimos concorrentes com produtos similares (cachaça aromatizada naturalmente). Em 3 anos de empreendimento o principal objetivo foi trabalhar a marca Chica, tanto que, contabiliza Carlin, já gastaram mais em propaganda e marketing do que os lucros obtidos. Mas ele reconhece a importância desta estratégia ao receber pedidos de alguns estados do Nordeste. Assim, vai expandindo sua carteira de clientes, que é formada hoje por muitos fabicanos - provando que o fato de ser jornalista não necessariamente o obrigaria a empreender nesta área - o curso, afinal, já ajuda criando uma boa rede de relacionamento.

A vontade de ser dono do seu próprio negócio, de acreditar e ver suas idéias irem adiante, não esbarrando em expressões do tipo esse não é o perfil do público, fez com que Cleyton Arghiropol, ex-aluno de Publicidade e Propaganda e hoje dono da agência Acima Interactive, especializada em comunicação na web, empreendesse. Ele diz que a relação com os professores e a instituição não o motivou muito, e que os colegas então, parece que todos estavam ou estariam satisfeitos com a posição de serem assalariados. Vi a maioria deles já estagiando ou focando em uma área específica e vejo muitos deles hoje enterrados nas mesmas ocupações. Segundo ele a biblioteca foi uma ótima fonte de referências, onde passava muitas horas do seu dia lendo sobre outras áreas que não apenas da Comunicação, como por exemplo Administração, Gestão, Marketing, Finanças, etc.

H
oje em dia, além das bibliotecas, a internet é uma ótima fonte de referências e de ajuda para se abrir uma empresa. O site do Sebrae reúne todas as informações necessárias, desde como proceder para o registro até a elaboração de um plano de negócios, além de apresentar cases em diversas áreas. Vale a pena dar uma conferida.


O
utra ótima alternativa para quem quer começar e não dispõe de muito capital inicial, são as incubadoras. Segundo a Anprotec, o número de incubadoras subiu para 380 em 2006, contra 37 em 1996. Um crescimento impressionante que mostra a força e a aposta nos novos empreendimentos. As incubadoras muitas vezes oferecem estrutura completa para montagem de escritório, além de todo apoio físico, intelectual e estrutural. A incubadora de Design da Feevale, onde está instalada a revista O Dilúvio, provê para os incubados aulas de gestão, marketing, finanças dentro do PROCAPE (Programa de Capacitação ao Empreendedor).

Enquanto era aluno da Fabico, Tiago Jucá criou um projeto experimental, em forma de newsletter, mais como brincadeira. Foi crescendo, virou site, depois impresso. Após 3 anos, com um coletivo maior, registramos a empresa, entramos na incubadora e hoje já damos palestras em eventos do SEBRAE sobre Empreendedorismo Jovem.

A UFRGS oferece, através da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico (SEDETEC), a Maratona de Empreendedorismo, um projeto que já está na sua oitava edição e busca proporcionar um conhecimento integrado do processo empreendedor e dar uma visão empreendedora e gerencial ao desenvolvimento de novos negócios. Dentre as atividades desenvolvidas pelo projeto, estão palestras que são abertas ao público em geral.

Andréa Fortes, atualmente sócia da agência Mais, sente que na Fabico as pessoas são preparadas para serem empregados, dentro de um perfil normal de vínculo, dando a idéia de que no Brasil quem empreende é um pouco tolo porque as dificuldades são muitas. Ela afirma que se a universidade incentivasse os alunos e ensinasse o caminho das pedras, seria uma bela iniciativa.


O
apoio dos professores é importante, mas a maioria deles deve pensar: Ah, lá vem os alunos com essas idéias piradas, não vou perder meu tempo. Nem todo aluno está apenas pensando em ter uma banda ou realizar uma festinha, ele pode estar planejando o projeto de toda sua vida, e pra isso é preciso a ajuda de pessoas experientes. Com certeza o apoio dos professores Ungaretti, Ilza e outros foi fundamental para chegarmos aqui, desabafa Jucá.


D
e fato deve haver uma grande mudança de comportamento. De todos, para o futuro do empreendedorismo no país, a começar pela Universidade que é o laboratório pensante da sociedade. A Universidade deve formar pessoas ousadas, criativas, inovadoras, não apenas mão-de-obra para o mercado, porque ele muda muito: cada novo software pode extinguir profissões e exigir novos domínios.

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Crises políticas.

Por Caroline Cabalheiro, João Colombo e Juliana Marchioretto, estudantes de Relações Públicas da UFRGS

sexta-feira, 11 de julho de 2008

As Relações Públicas pelo mundo.

sexta-feira | 11 de julho de 2008

P
or Mariana Marchant, Natali Soza, Roger Cruz e Thirza Moreira, estudantes de Relações Públicas da UFRGS


Também servimos cafezinho em outros países?

Que a profissão de Relações Públicas ainda não possui uma ampla difusão de suas atividades no Brasil todos sabem. Que apenas nos últimos anos as empresas começaram a se dar conta da importância deste profissional para o bom funcionamento dos relacionamentos com seus diversos públicos, também. Agora, fora do Brasil, onde a profissão já existe há bem mais tempo, será que a situação no mercado é diferente da brasileira? Como as oportunidades funcionam no exterior? Como a profissão de Relações Públicas é vista fora do Brasil?

Na Argentina, onde o fabicano Luís Augusto Maffini está realizando intercâmbio na Universidad Nacional de Entre Rios – UNER - neste semestre, há uma confusão entre a profissão de Relações Públicas e a função de comunicador. Não há nenhuma legislação que delimite e aponte as atividades do Jornalista, do Publicitário e do Relações Públicas. Não é exigido nenhum registro profissional para desempenharem suas funções. O estereótipo de que qualquer um pode fazer comunicação nas organizações ou nos meios de comunicação é mais forte na Argentina do que no Brasil. Também é muito comum depois de formados, os RRPP trabalharem como promoters de casas noturnas, academias de ginástica, situação não muito diferente daqui. Até mesmo nos cursos não há uma unificação com o nome e o conteúdo oferecido. Na UNER, por exemplo, não há o curso de Relações Públicas e nem de Publicidade e Propaganda. As habilitações do curso de comunicação são: Periodismo; Comunicación y Procesos Culturales e Comunicación y Educación. Na Argentina não são usadas as mesmas terminologias e programas semelhantes, o que torna ainda mais confuso o papel e a função do profissional quando sai da universidade.

Luís Augusto está cursando disciplinas que são válidas para o curso da UFRGS de RRPP, e estão inseridas na habilitação de Comunicación y Procesos Culturales, que são: Historia das Idéias Econômicas, Sociais e Políticas; Problemas Contemporâneos em Comunicação Institucional e Comunicação e Cultura. As leituras exigidas são bastante densas, e os autores trabalhados são conhecidos somente na pós-graduação brasileira. Todos os cursos de pós-graduação - especialização, mestrado e doutorado - são pagos.

O sistema de ensino superior mostra-se bem diferente do brasileiro. Existem universidades públicas e privadas, como no Brasil, a diferença é que qualquer pessoa que termine o segundo grau pode se inscrever na universidade pública, não há vestibular ou nenhum outro exame seletivo. Isso acarreta um grande número de profissionais no mercado, sendo, portanto um nicho bem competitivo. Independente da procura por determinado curso, a legislação nacional se compromete em abrigar a demanda e proporcionar o estudo gratuito a qualquer cidadão. Ingressando na universidade pública, é feito um ano de curso de nivelamento da turma, com disciplinas de Ensino Médio. Aqueles que nas avaliações atingirem a média estipulada pela faculdade, que pode ser cinco, seis ou sete, iniciam as matérias da graduação elegida, independente de serem, dez, cinqüenta ou todos os alunos que atingiram esse mínimo.

Outro ponto onde os hermanos estão muito à frente do Brasil é em relação ao custo de vida de um estudante. Nenhum livro e outros materiais pedagógicos, por lei federal, são taxados por impostos. O preço das cópias e de transporte público, por exemplo, é a metade do Brasil.

A profissão na Europa

Já a Relações Públicas Erica Machado apresenta uma outra imagem do profissional na Europa. Formada na Fabico em 2007 e pós-graduada em Public Relations Management (Gerenciamento de Relações Públicas) na Leeds Metropolitan University, na cidade de Leeds na Inglaterra, afirma que a área de Relações Públicas na Inglaterra está bem desenvolvida. Sustenta ser difícil até traçar uma comparação deste cenário com o brasileiro, tal é a distinção de atuação do profissional entre os dois países. A participação do profissional de Relações Públicas é fortemente valorizada por lá, atuando tanto nas estratégias de negócios, valorização da marca, como em funções de comunicação interna e outras estratégias de diálogo com outros públicos: responsabilidade social e atividade política. Enquanto isso, no mercado brasileiro, insiste-se em nomear de Marketing toda função que seja de diálogo, comunicação. Ainda que muitos digam não importa a nomenclatura, mas sim o perfil do profissional que é procurado, ainda é questionada se esta falta de cargos de Relações Públicas é desconhecimento do que o profissional realiza, ou uma falta de valorização para o papel estratégico que exercemos, afirma a profissional, que voltou da Europa em agosto deste ano e está analisando propostas para reingresso no mercado brasileiro.

Cita também a oportunidade de participar do webinar Towards a new global Public Relations (Para uma nova Relações Públicas global) ministrado por James Grunig, Anne Gregory e outros profissionais. Destaca alguns pontos:

Na Europa as Relações Públicas são praticadas há 150 anos. No entanto a definição de conceitos e modelos da atividade na Europa somente iniciou em 1998, com os trabalhos de Dejan Vercic – pesquisador premiado em 2001, com a medalha Alan Campbell Johnson – do Instituto de

Relações Públicas do Reino Unido.

Ainda existe uma sensível diferença do modelo de RP praticado nos EUA para o modelo Europeu, a Inglaterra tende a desenvolver uma visão mais social da profissão.

A Inglaterra é a principal indústria de Relações Públicas na Europa. Buscando traçar um perfil mais detalhado da visão do profissional, Anne Gregory, professora da Leeds Metropolitan University, desenvolveu uma pesquisa em 2003, intitulada Patterns of successful PR among Britain’s Most Admired companies and public sector organizations (Modelos de Relações Públicas bem sucedidos entre as empresas britânicas mais admiradas e organizações do setor público). Foram 200 questionários distribuídos entre os mais conceituados profissionais na Grã-Bretanha, incluindo instituições públicas e privadas. Os resultados explicitam a valorização da atividade no país:

34% do setor privado e 5% do setor público investem mais de um milhão de libras esterlinas (quatro milhões de reais) por ano em atividades de Relações Públicas.64% dos RRPP entrevistados se reportam diretamente ao CEO (Chief Executive Organization), quase metade está na direção.

A principal atividade para o profissional no setor privado é reporte financeiro, seguido por controle de crises, tendo em terceiro lugar o controle da imagem e reputação da empresa. No setor público, proteção de imagem vem em primeiro lugar, repetindo o segundo lugar (controle de crises) e terceiro fica com relacionamento com a mídia.

Segundo a mesma professora, os comunicadores de corporação estão crescendo em poder e prestígio:

Quase metade é membro da direção.

A maioria tem freqüente acesso ao CEO e tem liberdade para se reportar diretamente aos líderes da empresa.

A maior parte dos orçamentos de comunicação é mantida ou aumentada anualmente.

Segundo Carlos Eduardo Mestieri, no livro Relações Públicas: Arte de Harmonizar Expectativas, o mercado está propício para a nova era de desenvolvimento das Relações Públicas, porém a competição é cada vez maior e hoje, mais do que nunca, o mercado passa a exigir competência e conhecimento multidisciplinar, isso em qualquer lugar ou país em que exista o mercado de Relações Públicas.

Pode-se concluir que a maturação de ferramentas de gestão e das próprias Relações Públicas é inerente à própria maturação de mercados e do perfil cultural dos países em análise. Ao observar a imagem da profissão na Inglaterra, nota-se por trás disso um mercado desenvolvido, lapidado desde as Revoluções Industriais no século XVIII. Não se pode exigir que no Brasil ou mesmo na Argentina, de industrialização e crescimento comercial recente, exista o mesmo nível de compreensão da profissão, como citado na Inglaterra e também nos Estados Unidos, outro pólo de destaque da profissão.

Enquanto alguns reclamam que a profissão não é valorizada no Brasil, outros agem para se tornarem competitivos neste cenário. A quantidade de tempo despendido em reclamações minha mãe não sabe o que faço é proporcional ao tempo que se perde para questionar: o que será feito para melhorar essa questão e fazer que a profissão seja devidamente reconhecida?. O futuro dependerá da visão daqueles de atuam na área e os estudantes, como profissionais em formação, devem observar esse desconhecimento da atividade como um ambiente de oportunidades, de possibilidade de crescimento e não como um problema existencial.

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