sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Os dois lados das redes sociais.

Por Cibele Silva, estudante de Relações Públicas da Metodista/SP e Mateus Martins, estudante de Relações Públicas da UFRGS

A Web 2.0 contemporiza-se da primeira geração da internet pela dinâmica das interfaces das páginas que são praticamente estáticas da Web 1.0, onde o internauta tem um grau maior de interatividade e colaboração para o desenvolvimento de conteúdo.

Dentro deste contexto o desafio das organizações está além da capacidade de fazer a comunicação como sempre se fez, deve-se ainda, ser capaz de atuar de forma efetiva e estratégica no relacionamento com as redes sociais e ambientes colaborativos.

No atual cenário de interatividade e colaboração das redes sociais, os consumidores e usuários de conhecimento sentem-se cada vez mais à vontade para opinar e discutir sobre mídias, produtos e serviços.

Tim O´Reilly, grande estudioso da internet, em seu livro Open Source Paradigm Shift (2004), afirma que o valor competitivo das empresas nesta nova era da internet residirá na habilidade de entender como os usuários adicionam valor às informações e serviços que elas oferecem, e que elas deverão encorajá-los a fazer, realizando um relacionamento e montando credibilidade sobre a propaganda na rede.

Confirmando a importância das redes sociais para as empresas, a pesquisa Nielsen: Trust In Advertising Oct07, sobre a credibilidade da propaganda tradicional realizada em 47 países, aponta que 78% dos entrevistados acreditavam mais em recomendações de outros consumidores do que em propagandas tradicionais, e que 61% confiavam em recomendações postadas em comunidades online. Em contrapartida, apenas 14% disseram acreditar em propagandas tradicionais, a famosa chapa branca. No Brasil, segundo percentuais disponíveis no site To Be Guarani a internet é o terceiro maior veículo em extensão de alcance no Brasil, e 90% dos consumidores procuram sugestões de pessoas conhecidas, enquanto 70% confiam em opiniões expressas online.

Nesse domínio, falar de estratégia e de relacionamento entre públicos traz à tona a importância das relações públicas para esse cenário, principalmente no tocante à questão de criação de comunicação de via de mão dupla. Se a campanha não for bem desenvolvida pode causar danos, como a campanha publicitária, da Skol, para o concurso cultural Redondo é rir da vida. A princípio era para instigar o público a produzir e enviar vídeos, mas como podemos perceber abaixo na apresentação do Rafinha Bastos e na repercussão nos comentários do vídeo no youtube, a iniciativa não foi tão engraçada assim:

Grande estratégia da Skol: chamar o público para participar de uma campanha, com personagens como Rafinha Bastos e Danilo Gentili, ícones do humor e da alegria, não acham? Mas eles não contavam com o poder de produção, transformação e viralização das redes socais e Ronald Rios subverteu a brincadeira e – ao criar uma paródia do vídeo promocional – fez o público rir e pensar que a campanha da cerveja não era tão engraçada assim. Leiam o excelente artigo, A SKOL NÃO SABE RIR DA VIDA, postado no PLOG | O blog do Patrício Jr. Pois brincar com algo como uma droga com potencial causador de dependência não é tão simples. Assistam:

Mesmo uma campanha supostamente bem planejada pode causar repercussões inimagináveis no público. Vejam só o exemplo da Skol: 1. a ideia: provocar o público a gravar vídeos com história engraçadas 2. a ativação: como garotos propagandas dois grandes do stand-up comedy 3. o mote: você é o ator, você faz o palco e você escreve o texto 4. o objetivo: virilizar a campanha 5. a contrapartida: os 10 vídeos escolhidos fazem parte de um comercial da marca e aparecem no site.

Com um belo planejamento como este, o que deu errado? Como evitar alguns incidentes como este? É possível mensurar ou tangibilizar as reações dos públicos sobre as campanhas? Como você, leitor, faria – e faz – isso antes de planejar e aprovar uma ação? Talvez a ideia fosse tão boa que não tentaram destruí-la, não tentaram questioná-la. Claro que é lógico associar cerveja, festa, diversão, mas Ronald Rios mostrou que existe também o outro lado.

Ah, no site Redondo é rir da vida dá pra ver os vídeos ganhadores do concurso e pelo menos, se não gostar, tocar tomates neles.

3 comentários:

Ricardo Campos 20 de novembro de 2009 às 23:21  

Esta é uma situação em que nenhuma empresa que está presente na redes sociais está livre. Manifestações contrárias e protestos fazem parte do processo, acredito que o "pulo do gato" seja como as empresas respondem ou se posicionam nestas situações.

Um abraço,

Ricardo Campos

Gustavo 21 de novembro de 2009 às 00:39  

É isso aí, Ricardo.
Mídia social é uma conversa sem censura. O problema é achar que todo mundo é livre só para falar bem da sua empresa, marca ou produto. Não é assim que as coisa funciona.

Como uma conversa, ela tem continuidade e espaço para uma resposta. Como o Ricardo disse, o pulo do gato está na continuidade e no posicionamento frente a situações adversas, é aí que o RP torna-se ainda mais necessário.

max delazeri 21 de novembro de 2009 às 12:45  

só pra dar uma informação a mais.
Foi o próprio Tim O´Reilly que criou a expressão Web 2.0 http://oreilly.com/web2/archive/what-is-web-20.html

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